segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Paraíba ocupa 2º lugar em produção de calçados e exporta 90% da produção




Daniel Motta
 A Paraíba já ocupa o segundo lugar no ranking nacional na exportação de calçados, com um volume superior a 17 milhões de pares somente no primeiro semestre deste ano. Mesmo com o crescimento de produção, o setor calçadista da Paraíba não consegue vender no próprio Estado e acaba exportando mais de 90% de todos os produtos. Os lojistas adquirem os produtos em outros estados por conta das marcas reconhecidas nacionalmente. A produção paraibana também é prejudicada pelo produto chinês que entra no Brasil com preços bem abaixo dos praticados no mercado nacional, impulsionados pela pratica do “Dumping” promovido pelo governo do país.  
O Estado ficou atrás somente do Ceará, que registrou um volume de 25.530 milhões de pares, desbancando o Rio Grande do Sul, com 8,7 milhões e São Paulo com 2,9 milhões. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados (Sindicalçados), Eduardo Souto, os chineses têm atacado todos os setores de produção, sobretudo, o de calçados, oferecendo preços mais acessíveis e produtos de qualidade inferior aos que são produzidos na Paraíba e em outros estados do País. 
“A China tem entrado no nosso mercado com muita rapidez adquirindo muita participação, chegando a alcançar altas vendas. Oferecem preço baixo e vendem em lojas consideradas populares, por isso, os consumidores preferem comprar a eles do que o produto local, que é de qualidade e custa um pouco mais caro”, disse.
Segundo Eduardo Souto, a tendência é que a “invasão chinesa” seja contida com as taxas de cobrança de 184% de imposto sobre o produto chinês para poder penetrar no mercado nacional. “Antes eles superfaturavam porque entravam através de navios, portos, de maneira também clandestina a acabavam prejudicando muito o comércio aqui e também as exportações dos calçados. Agora, já está valendo a cobrança de taxa de 184% e a tendência é uma redução na venda deles e aumento no comércio local”, explicou Souto.
Na maioria das lojas paraibanas, os proprietários preferem adquirir produtos de marcas reconhecidas, como Nike, Olympikus, Adidas, Arezzo, e não dão espaço para produção local. “Os lojistas paraibanos se preocupam com a impressão que os clientes vão ter dos produtos que eles comercializam e por isso acabam adquirindo produtos de marcas reconhecidas. Por isso, os produtos fabricados na Paraíba não conseguem competir. Se trata muito de uma questão cultural”, acrescentou a gestora do Sebrae,  Érika Vasconcelos.
Aumento da produção - Segundo Eduardo Souto, a Paraíba exporta para mais de 100 países, entre eles, Estados Unidos, Argentina e México, e para a própria China. A exportação de mais de 17 milhões de pares no primeiro semestre do ano gerou uma receita de R$ 125 milhões. A produção colocou o Estado em segundo Lugar no ranking nacional, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). A estimativa é que até o final do ano, a produção chegue aos 250 milhões de pares. “Ano passado, fechamos com uma produção de 240 milhões de pares e para esse ano esperamos aumentar isso em pelo menos mais 10 milhões”, destacou.
Na Paraíba, o setor calçadista abrange 400 empresas que, juntas, geram mais de 25 mil empregos. “Se não houvesse essa entrada do produto chinês e o desinteresse dos lojistas locais pelo produto, o setor poderia gerar muito mais emprego e renda para o Estado”, disse Souto.

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