Daniel Motta
A Paraíba já ocupa o segundo lugar no ranking nacional na
exportação de calçados, com um volume superior a 17 milhões de pares
somente no primeiro semestre deste ano. Mesmo com o crescimento de
produção, o setor calçadista da Paraíba não consegue vender no próprio
Estado e acaba exportando mais de 90% de todos os produtos. Os lojistas
adquirem os produtos em outros estados por conta das marcas reconhecidas
nacionalmente. A produção paraibana também é prejudicada pelo produto
chinês que entra no Brasil com preços bem abaixo dos praticados no
mercado nacional, impulsionados pela pratica do “Dumping” promovido pelo
governo do país.
O
Estado ficou atrás somente do Ceará, que registrou um volume de 25.530
milhões de pares, desbancando o Rio Grande do Sul, com 8,7 milhões e São
Paulo com 2,9 milhões. De acordo com o presidente do Sindicato da
Indústria de Calçados (Sindicalçados), Eduardo Souto, os chineses têm
atacado todos os setores de produção, sobretudo, o de calçados,
oferecendo preços mais acessíveis e produtos de qualidade inferior aos
que são produzidos na Paraíba e em outros estados do País.
“A
China tem entrado no nosso mercado com muita rapidez adquirindo muita
participação, chegando a alcançar altas vendas. Oferecem preço baixo e
vendem em lojas consideradas populares, por isso, os consumidores
preferem comprar a eles do que o produto local, que é de qualidade e
custa um pouco mais caro”, disse.
Segundo
Eduardo Souto, a tendência é que a “invasão chinesa” seja contida com
as taxas de cobrança de 184% de imposto sobre o produto chinês para
poder penetrar no mercado nacional. “Antes eles superfaturavam porque
entravam através de navios, portos, de maneira também clandestina a
acabavam prejudicando muito o comércio aqui e também as exportações dos
calçados. Agora, já está valendo a cobrança de taxa de 184% e a
tendência é uma redução na venda deles e aumento no comércio local”,
explicou Souto.
Na
maioria das lojas paraibanas, os proprietários preferem adquirir
produtos de marcas reconhecidas, como Nike, Olympikus, Adidas, Arezzo, e
não dão espaço para produção local. “Os lojistas paraibanos se
preocupam com a impressão que os clientes vão ter dos produtos que eles
comercializam e por isso acabam adquirindo produtos de marcas
reconhecidas. Por isso, os produtos fabricados na Paraíba não conseguem
competir. Se trata muito de uma questão cultural”, acrescentou a gestora
do Sebrae, Érika Vasconcelos.
Aumento
da produção - Segundo Eduardo Souto, a Paraíba exporta para mais de 100
países, entre eles, Estados Unidos, Argentina e México, e para a
própria China. A exportação de mais de 17 milhões de pares no primeiro
semestre do ano gerou uma receita de R$ 125 milhões. A produção colocou o
Estado em segundo Lugar no ranking nacional, segundo a Associação
Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). A estimativa é que
até o final do ano, a produção chegue aos 250 milhões de pares. “Ano
passado, fechamos com uma produção de 240 milhões de pares e para esse
ano esperamos aumentar isso em pelo menos mais 10 milhões”, destacou.
Na
Paraíba, o setor calçadista abrange 400 empresas que, juntas, geram
mais de 25 mil empregos. “Se não houvesse essa entrada do produto chinês
e o desinteresse dos lojistas locais pelo produto, o setor poderia
gerar muito mais emprego e renda para o Estado”, disse Souto.
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