Daniel Motta
Descobrimento do Brasil, Independência, Proclamação da República, dias de
santos e feriados de todo tipo. Assim, é constituído o calendário do
brasileiro. De origem cristã, porque a maioria da população crê
no cristianismo, o anuário é composto de 365 dias, e a cada quatro anos, 366, por
ser bissexto.
Há quem diga que o Brasil é o país do feriado. Ainda vão
mais longe,quando afirmam que o ano só começa de fato, após o feriado de Carnaval. Mas uma coisa, no mínimo curiosa, chama a atenção: de tantos
dias dedicados a santos e acontecimentos políticos que entraram para
história do país, está faltando uma data de relevante importância, ser
inserida em nosso calendário. O "Dia do Político.
No entanto, por que
desperdiçar tempo, pra criar uma data, quando já existe uma de tamanha
similitude com a imagem da maioria dos políticos. Pois é, o dia da
mentira “comemorado” em 1ºde abril.
Não é de hoje que existe uma estreita ligação entre a
mentira e a política. Ela vem ganhando espaço deliberadamente no cenário
político, desde os primórdios da humanidade, mas especificamente,
partir de quando o homem começou a desejar dominar o meio e
principalmente, conquistar o outro com a lábia. Mas afinal, qual o
conceito mais adequado para a mentira?
Segundo o dicionário escolar
Silveira Bueno, a mentira éo ato de faltar com a verdade, falsificar.
Nesse caso, grande parte dos políticos é falsa por usar a mentira como
álibi para sua promoção social, pessoal e profissional.
Fontes , a exemplo da revista Veja, edição 2126, de agosto de 2009,
revelam que no fim do século XIX, o primeiro ministro da Prússia, Otto,
Von Bismarck, considerado o unificador da Alemanha, chegou ao poder
através de uma mentira. O fato ocorreu em 1870, quando ele recebeu um
telegrama do embaixador Francês, propondo uma negociação entre as
nações, a fim de evitar uma possível guerra. Otto alterou o texto
transformou a situação, mudando a proposta do embaixador e fez do
telegrama numa declaração de guerra. Bismarck entrou para história por
defender a idéia de que um estadista precisa ter a mentira como arma
legítima. Esse é apenas um dos vários casos em que políticos utilizam a
arte de mentir como artifício de defesa.
Afinal, por que os
políticos mentem tanto e com tanta facilidade? Talvez, por que isso
torne suas vidas mais fáceis. Não generalizando, mas tomando por base o
biótipo da maioria dos políticos, começam mentir a partir de quando
entram para vida política, ainda na condição de candidato,e essa aliada
os acompanha durante e após todo o processo eleitoral.Eles mentem
simplesmente com objetivo de encantar,criar uma imagem positiva de si
para conseguirem alcançar seus objetivos,principalmente, o lucro.
Para se promoverem, criam historias fictícias situações
artificializadas, sem fundamentos, tudo sem muita, ou mesmo sem nenhuma
consideração e respeito pelos interesses dos outros. Constroem
realidades fantasiosas, usam argumentos diversos para reduzir, inibir,
ou mesmo anular a imagem de quem parece uma ameaça para suas vidas.
Alguns estudiosos se dedicaram ao estudo da mentira e seus impactos nas
sociedades. O escritor irlandês Oscar Wilde, disse que “o mentiroso é a
própria base da sociedade civilizada”. Para o filósofo grego Platão,
que viveu no século V antes de cristo, “mentir de forma consciente e
voluntaria tem mais valor que dizer a verdade de forma involuntária”.
Isso é perceptível nos discursos políticos. Lindas narrativas, belas
histórias, tentadoras promessas, programas de governos recheados de
propostas perfeitas pra melhoria das políticas publicas para educação,
saúde, cultura, esportes, infra-estrutura, etc. Tudo muito bem
planejado, com a participação ativa do consciente.
O filósofo
americano David Smith, autor do livro “Porque Mentimos?”, é categórico
ao afirmar que a mentira acompanhou a evolução do homem. O fato é que
ela vem sendo, ao longo do tempo, a principal aliada dos políticos que
se aproveitam das mazelas enfrentadas pelas populações, principalmente,
as de baixo poder aquisitivo, desprovidas de condições financeiras
razoáveis, pertencentes a uma parcela da sociedade que convive
diariamente com o lado perturbador, excludente e difícil de ser humano
em meio a grupos sociais tão desiguais, divididos pelo poder rentável.
Essas pessoas se deixam enganar, toda vez que aparece um político em
suas casas e promete ajudá-los. A esperança pó dias melhores, os aliena.
E como urubus na carnificina, os políticos para ganhar
vantagem,enganam, iludem, mentem, se valendo da miséria alheia.
Político é político em qualquer lugar. A mentira também. Mas para os
brasileiros, um dado agrava ainda mais a situação. Pesquisas de opinião
pública, realizadas em diversas nações, constataram que o Brasil é o
país onde a mentira e conseqüentemente a corrupção, tem mais
participação na política nacional. Só para contextualizar, retenhamo-nos
o polêmico caso “Sarney”. O senador do PMDB tem sido acusado de usar o
poder para beneficiar parentes e amigos, praticar nepotismo, ter contas
secretas no exterior, desviar recursos públicos e cometer
irregularidades administrativas. È sem duvidas, uma enxurrada de
acusações. Mesmo com provas cabais aparecendo a todo o momento, o
senador ainda insiste em dizer que é inocente. Ou seja, negar um fato
que pode ser comprovado, omitir informações e se recusar a aceitar a
verdade é no mínimo, um ato mentiroso.
Agora então, fatos, motivos e
argumentos são o que não faltam para comprovarmos a necessidade de se
instituir um dia no calendário com dedicação exclusiva aos políticos,
esses agentes históricos, que todos os dias são manchetes de jornal,
capa de revistas, chamadas de TV. Para eles, o dia 1° de abril, ou
melhor, da mentira e, por conseguinte, dos praticantes dessa arte de
construir utopias. Eles merecem essa singela, porém verdadeira
homenagem.
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